terça-feira, 2 de setembro de 2008

Morte dos Ídolos

Perfect by nature, icons of self-indulgence
Just what we all need
More lies about a world

That never was and never will be
Have you no shame, dont you see me?
You know youve got everybody fooled.

Look here she comes now -
Bow down and stare in wonder.
Oh, how we love you
No flaws when youre
But now I know she -

Never was and never will be
You dont know how you betrayed me
And somehow youve got everybody fooled.

Without the mask
Where will you hide?
Cant find yourself,
Lost in your lies

I know the truth now
I know who you are
And I dont love you anymore

Never was and never will be
You dont know how you betrayed me
And somehow youve got everybody fooled.

Never was and never will be
Not for real that you can save me
And somehow now youre everybodys fool.
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Eu odeio viciar em música ruim. E o pior é que eu ando pensando em argumentos pra convencer as pessoas de que essa música é boa.

Na verdade, tenho me incomodado com a idéia de que eu não posso gostar de alguma coisa porque não é bem conceituado por críticos pimbas. Acho que isso é influência da Nádia...

Minhas tardes de segunda-feira tem sido mananciais de paz ao lado dos pacientes do CERSAM, tocando altos sertanejos na 'Oficina de Música'. Odeio esse termo "oficina" e a forma como os serviços de saúde mental se apropriaram dele. Porque que tem efeitos terapeuticos isso é inquestionável. Mas para que burocratizar algo tão simples quanto uma roda de viola ou uma peladinha?

... devaneios a parte...

Essa música é legal... e a letra, embora simples, me convida a refletir sobre certos movimentos que eu mesmo faço - de esvaziar toda e qualquer fonte de sentidos em críticas agressivas em prol da manutenção do gozo sintomático. Pois nada é tão coerente e verdadeiro que não possa expressar falhas pesadas de confecção - seja uma bela mulher ou um intricado sistema metanarrativo. A psicanálise trata disso e as vezes tenho dificuldade de delimitar até onde o que sofro é uma apropriação de seu discurso - deveras poderoso, devo acentuar. Pois tudo o que foi tocado pelo homem é faltoso. É pertubador pra alguem de alma existencialista pensar que existe algo tão mórbido que governe e inaugure a condição humana.

Essa música tem alguns elementos que me chamam a atenção - um ponto catártico onde as coisas aparentemente se resolvem, é meio tristonha e até mesmo sombria. Mas ao mesmo tempo irrita pelo preciosismo dado a voz da Amy Lee, que não é nem de longe das melhores - embora ganhe de muitas deusas por aí em termos de técnica e timbre. Quando a voz aparece muito mais alta que os instrumentos eu me irrito profundamente, porque a música empobrece álém de desvalorizar os outros músicos. Trata-se, portanto, de um new metal com teclados doom e um que de pop mainstream, na medida em que a vocalista bonitinha ganha um destaque não só visual quanto musical.

Mas voltando a questão, é extremamente frutrante passar um ano descobrindo/ aprendendo sobre algo/alguém e depois outro um ano tentando desconstruir de todas as formas possíveis aquele agente produtor de sentido. Porque, afinal, nada me basta? Porque essa ânsia por uma verdade insegotável e inquestionável? Porque esse preciosismo todo com questões que podem ser tratadas com simples bom humor? Afinal, qual é a razão de se perder em reflexões sobre o sentido da vida enquanto ela tá passando por aí e sendo desperdiçada em noites mórbidas de cigarros, coca-cola e lágrimas de angústia?

O pior é sentir-se traído. É sentir que alguem roubou meu precioso tempo com mentiras - é gritar com um misto de ódio e orgulho eu sei a verdade agora, que sei quem você é e que não te amo mais.

É descobrir que a contracultura, o alternativo, passou a identificar-se com a falta - passou a tocar gitarra com dedilhados suaves, como se massageia um clitoris e não a empunha-la com vigor e masturba-la como se faria com o pênis. É deixar o poder escapar pelas mãos por conta de uma incoerência discursiva - onde o poder só faz sentido em uma guerra contra o Outro.

Um comentário:

Cinis disse...

Olá, sr. "desperto". Vejo que neste momento o senhor pôde perceber o que realmente é estar
acordado. Talvez o sr. tenha esquecido do seu ar de superioridade julgando-se acordado em meio a um mar de adormecidos. Rá-rá. Regojizo-me, frente a sua inocência. Adormecido era o senhor. Noites e noites em claro divagando sobre o sentido do mundo, descontruindo a realidade, destrinchanco cada ponto que julgava ser visto apenas pelo sr. e ninguém mais.E no final, a que conclusção chegamos? Que o senhor é só mais um jovem de classe média,universitário, que tem pais separados e uma namoradinha.Que o sr. vai ter um emprego bacana e uma esposa que finge dor de cabeça pra não transar. Onde está a descontrução? Onde está a diferença para aqueles que vc condenou ao sono, sr.? A diferença, meu caro ... é que
vc estava a um passo atrás deles. Todos eles tiveram os seus mesmos insights. Todos eles perceberam a arquitetura da realidade e pensaram que ela poderia ser descontruída. Mas eles foram espertos, amigo . Eles não queimaram noites em cinzas de cigarro. Eles perceberam que
a desconstrução não vale a pena, como o sr. acabou de concluir. Mas... ao contrário de vc,
meu caríssimo amigo, eles não subiram num altar e declararam a si mesmos deuses. Eles não apontaram o dedo para pessoas que rabaixaram como lerdas ou burras e disseram "vc não despertou". Eles parecem adormecidos.... mas têm sempre um olho meio-aberto.Porque manter os olhos abertos pode ressecar as córneas.