segunda-feira, 28 de abril de 2008

STREET SPIRIT (FADE OUT)

Rows of houses, all bearing down on me
I can feel their blue hands touching me
All these things into position
All these things will one day swallow whole
Fade out again, Fade out.

This machine will, will not communicate
These thoughts and the strain I am under
Be a world child, form a circle
Before we all, go under
fade out again, fade out again

Cracked eggs, dead birds
Scream as they fight for life
I can feel death, can see its beady eyes
All these things into position
All these things will one day swallow whole
Fade out again, Fade out again

Immerse your soul in love
Immerse your soul in love




Sabe, as vezes eu tenho provas bem sólidas da existência do incosnciente. Tipo, essa música acabou por tornar-se significante, de uma forma bem despropositada. Essa é minha relação com o inglês: eu entendo, conscientemente, apenas quando presto atenção na fala, ou leio a escrita. Mas as vezes acho que tenho uma compreensão inconsciente de certas coisas.

Hoje eu estava a ler uma entrevista que o jornalista americano George Sylvester Viereck fez a Freud em 1926. Achei bastante interessante, mesmo porque a gente tem acesso a um Freud além de sua obra, ou seja, a um Freud humano e que, aparentemente, parecia ser uma figura muito agradável. As respostas do Freud eram honestas e gentis, embora, em alguns momentos, claramente falaciosas. Mesmo assim ficou claro que suas idéias eram bem divergentes das idéias lacanianas (ou lacaniosas). Pra começo de ocnversa, Freud não só achava correta a prática da auto-análise, como a recomendava aos psicanalistas. E parecia não se furtar de fazer pontuações fora de setting analítico (o cara, pasmém, interpreta o entrevistador).

Mas uma fala do Freud me pois a pensar, depois de ter deixado um comentário no Blog de uma, hum, amiga (acho que eu posso dizer isso, em?).

O entrevistador questiona Freud, já em seus 70 anos, quanto a importancia que ele dava ao legado que ele deixaria com a psicanálise e se isso significaria algo pra ele, já que mesmo após sua morte, seu nome iria viver. Freud responde que não, pois isso não era verdadeiramente certo. Disse estar mais preocupado com a sua família, pois muitas de suas posses haviam sido minadas pela guerra. Mas que, por sua parte, estava satisfeito, já que o trabalho era sua fortuna. Por fim, disse, enquanto subia uma trilha num jardim, na medida em que acariciava um arbusto que floria:

- Estou muito mais interessado nesse botão do que possa me acontecer depois de morto.

- Então o senhor é, afinal de contas, um profundo pessimista? - questionou o entrevistador.

- Não, não sou. Não permito que nenhuma reflexão filosófica estrague minha fruição das coisas simples da vida.

Depois disso Freud declara seu ponto de vista, de que não acredita em vida após a morte, pois era um engodo acreditar que a existência humana estava acima da existência de todas as outras coisas.

De qualquer forma, me pus a pensar nessa fala. Mesmo não acreditando nisso, que seja possível que a reflexão filosófica não estrague nossa fruição com quaisquer outras coisas na vida, sejam elas simples ou complexas, penso que faz pouco sentido aprofundar-se num desespero por sentido se isso vier em detrimento a todos os outros aspectos da existência. Existe algo de imanente em todas as coisas, e as vezes apenas esse prisma nos basta. Pra que, então, destrinchar esses objetos em essência, se isso for causar mais dor do que deleite? Isso, pra mim, é o ápice da civilização, e a grande renuncia à natureza.

Talvez, no final das contas, Nietzsche estava certo.









E, embora tenha pensado nessa música como uma referência a um sonho, percebo agora que ela diz bem disso tudo que falei (eu realmente não tinha reparado).

Um comentário:

Jack Frost disse...

Para quem entende minimamente de psicanálise, dá pra entender como uma repsosta pode ser honesta e falaciosa ao mesmo tempo.

=P