terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

E hoje, o silêncio.

Eu falava hoje, na faculdade, após uma ótima aula de Psicoterapia Breve, que abordou o momento onde esse tipo de prática psicoterápica surgiu, contexto pós-moderno e esses blá-blá-blás:

"Cara, eu fico puto com essa história, porque isso só me lembra que a gente perdeu. Nós, adeptos da vontade livre. As grandes ideologias morreram e hoje todos os movimentos contra-culturais não passam de bens de consumo. Hoje você pode ser budista por 39,99, comprando o DVD do Mestre Zên aleatório por aí..."

Aí o Diego contestou:

"Que isso cara, a gente teve o grunge, já nos 90."

"Porra, velho. Que isso, embora eu ache que o grunge não tenha bebido tanto assim na lógica da sociedade de consumo, os caras não tinham uma ideologia. Eles eram tipo a manifestação máxima da angústia, no sentido psicanalítico. Afeto sem idéia. Eram os rebeldes sem causa. Não tinha uma direção óbvia para seus berros. Eram tipo nilistas burros, e todos se mataram no final, tirando o boiola do Eddie Veder. Eu ainda penso que o último grande movimento contra-cultural que brigou por alguma coisa foram os Punks, mas ainda assim eles já retratavam o declínio. O Punk foi tipo um grito desesperado diante da derrota. Eu penso que o grunge é o mimimi afermath."

"É, parece que a gente perdeu mesmo."

"Dá uma olhada na Praça da Savassi Sexta-Feira a noite e você vai ver: trata-se da mera estética. Tudo é estético demais nos dias de hoje. É o contexto perfeito pra ser PIMBA, porque citar Níti é cool, mas chato se ficar se demorando demais nele. Pra que ler um livro de um filósofo se a gente pode ler aquele artigo de três páginas que mastiga o pensamento dele? Além do mais, qualquer comunidade do orkut está cheia de citações a serem reproduzidas. Fazer cara de intelectual vale amis do que ser ntelectual de fato. Até essa pimbice de pós-modernidade tem muito disso. Os textos são descolados, breves e corridos, você bate o olho e lê, entende, e pronto, sai reproduzindo por aí. Nada de ficar destirnchando a poesia de Deleuze ou a extensa obra do Freud. Esses caras tão, tipo assim, no passado, meu!"

Uma imagem diz mais que um bilhão de palavras. Não há tempo de ser profundo. Por isso, soar profundo é mais eficaz. Cara blazé, ócolos quadradinho, cabelo tampando a cara. Essas coisas, que dão um ar de mistério. Cigarro na boca, pra não precisar de ficar falando.

Não há espaço pros gênios. Essas são as condições discurssivas atuais: especialize-se. E seja pragmático. Faça o que é necessário. Não se demore na filosofia. Não pense demais.

Ficou triste? Mas malhação é um pé no saco, coisa de, tipo assim, patty, meu! Beleza! Baladinha ali e acolá, musiquinha da boa mesmo! Ah, não curte baladas? Joga um joguinho legal. Descansa a cabeça!

É tudo a mesma coisa, cara. Acorda!
Não precisa se limitar. Não precisa não fazer essas coisas.

Mas não deixe de pensar. E não deixe de questionar. Pra que você precisa de 22 piercings na cara? Pra que você quer ser tão diferente? Pra que você quer chocar? O que você quer provar com isso?

Eles estão a baixo de você, né? Você é cool demais pra eles. Inteligente demais. E tem um óculos quadrado na cara pra provar isso! E, bem, você sabe que o Sartre, tipo, era existencialista, e falava umas paradas de liberdade e responsa. É, tá de bom tamanho. E o tal do Freud falava alguma coisa sobre Falo, Édipo e comer minha mãe.

Eles já pagaram os direitos autorais. Pertence a eles agora. Suas vinte e três tatuagens e seus cinco brincos por centimentro quadrado. O seu beck e o seu pó. Até mesmo o seu indie rock.

Sua tatoo é, na verdade, Hórus, o deus do sol Egípcio. Que, tipo assim, representa o ciclo do sol. O nascimento, a morte e a ressureição. É, eu to ligado dessa idéia, eu li no orkut. Achei doida a história!

Seus piercings são, na verdade, body modification. É, mó onda em London City, brow. Tem um cara na Savassi que tá mandando ver. E, tipo assim, rola de fazer umas suspensõe spor lá também. Enfiar usn ganchos na bunda e pular de um prédio de 15 andares. Dá mó onda!

Ou, e esses caras, os Dead Monkey From Hell. Hahahaha. Os caras são mó viagem, som indie do bom. Eles falam de macacos mutantes comc érebros super desenvolvidos que dominam a sociedade humana. Pura nonsense!




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